Página Vinte e Quatro


A humanidade caminha lentamente para entrar em um funil com vários filtros.
Tentou decolar, mas a nave estava presa por uma onda magnética. Órion ironizou:
- Estrela, não está esquecendo nada?
- Claro, pedir permissão para sair.
A pista 97 foi liberada, e, em seguida, Órion comunicou ao conselho galáctico sobre a
visita e a proposta, alertando que qualquer contato com Malin só poderia ser feito por Safira
ou Siul, por questão de segurança. Todos os portais do universo entraram em alerta: uma nave
desconhecida apareceu nos monitores de vigilância. Siul ampliou a imagem e viu um desenho
esquisito no casco da nave – um esqueleto conduzia, em cada uma das mãos, um olho sem
pupila, cinzento e aparentemente cego. Coisa estranha - murmurou.
O centro de inteligência galáctico foi acionado, recebendo a imagem captada por Siul,
e em segundos a decifrou: a grande nave faria voo cego e colidiria com a Terra, provocando
muitas mortes. Seria uma resposta de Obaid à negativa de Órion. Agora precisavam acionar o
maior número possível de sensores espaciais e monitorar a passagem para evitar um desastre.
Entre a Terra e o espaço, as intervenções são constantes. É preciso que aconteçam
para a própria vida do planeta, mas a cada dia fica mais complicado manter segredo sobre essa
relação. Os humanos se iludem em seus avanços e pensam que estão alinhados com o
progresso do infinito, mas não sabem que estão quase parados no tempo. O desespero para
impressionar a eles mesmos fez com que ficassem ainda mais distantes dos conceitos de
liberdade e evolução. A humanidade caminha lentamente rumo a um funil com vários filtros, e
quem conseguir passar pela parte mais estreita alcançará as mais altas constelações. Cada um
deveria ter consciência de que as naves em que viajarão são compradas por eles mesmos e,
quanto mais leves estiverem, mais alto voarão.
Obaid e Kaos estão oferecendo riquezas para que fiquem na Terra. Talvez ele pense
que um dia assumirá o controle e precisará de muitos aliados. Algumas pessoas voaram de
forma inesperada, principalmente para os que pouco sabem sobre voos instantâneos, mas
tudo está amparado pelas leis universais em que o tempo é um segredo necessário. Malin fez
uma revisão digital em todas as capturas de imagem extraídas do livro. Tinha uma dúvida
sobre uma silhueta azul. Realmente ela existia e estava na oitava página.
Ampliou a imagem repetidas vezes e descobriu um arquivo escondido na folha. Com
um leitor ótico avançado, conseguiu ler o título: “Ancestralidade”. Isso muito me interessa,
talvez eu possa descobrir a minha origem e de muitos humanos. Abriu os arquivos, e logo no
início tinha uma pintura de um grande terreiro, um banco de madeira e, ao lado deste,
tambores, apitos, gongo e um pajé segurando uma flauta feita com um galho seco e algumas
árvores curvadas em sua direção. Os instrumentos entoavam cânticos de dor e sonhos de
liberdade, já o pajé com a flauta simbolizava um chamado dos espíritos para salvarem a
natureza, e as árvores curvadas faziam reverência ao grande chefe.
Extraído do livro O Enviado de Órion

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